Call us toll free: +1 800 789 50 12
Top notch Multipurpose WordPress Theme!

Homenagem

MASTERCLASS COM A Profª Dra. Marília Franco Cinema e Educação

SEXTA | 13 de setembro | 15h | Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) – Auditório

Homenagem - Encerramento

QUARTA | 18 de setembro | 20h | CINE ARTE UFF

 

Marília Franco atravessou a minha formação no mestrado e no doutorado. Eu a conheci no dia seguinte ao massacre de Eldorado do Carajás, 17 de abril de 1996, quando 19 agricultores sem terras foram mortos injustamente pela Polícia Militar do Estado do Pará. Revoltada com o massacre, a questionei sobre o papel da academia na construção de uma sociedade mais justa. Ela falou da estética, da ética e da formação. Marília pensava a estética como política, e o cinema como resistência. Sabiamente disse que eu poderia ajudar na formação de pessoas, de cineastas e artistas.

Marília fez parte da primeira turma da graduação em Cinema da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA – USP). Participou da história da ECA, da TV USP e da formação de vários alunos e alunas. O seu doutorado foi também a primeira tese sobre uma “educação audiovisual”. A proposta da Marília era trabalhar as competências dos jovens, já no ensino médio. A Escola se tornaria um espaço de produção, coletiva, de audiovisual, onde cada aluno e aluna desenvolveriam a sua competência. Ela praticamente inaugurou o campo emergente hoje denominado Cinema-Educação. Na disciplina de documentário, que ministrou por vinte anos, apresentava a história do documentário e iniciava os estudantes de cinema a olharem para a sociedade e o mundo que habitam. Pensava o audiovisual como campo.

Foi diretora da Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de losBaños, em Cuba, de 1989 a 1991. Marília me apresentou a Pablo Ramos, Cubano e fundador da Rede UNIAL, da qual ela também participou e militou em prol da produção audiovisual para crianças e jovens. Ela pensou a produção audiovisual para e com os jovens. Depois de dar aulas por mais de 40 anos na ECA foi diretora do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina. Ativa, continua produzindo até hoje.

Com a Marília compreendi a ideia de fluxo, escrita por Raymond Williams, e foi refletindo sobre a TV que criou e dirigiu a TV USP. Em 2002 coordenamos o Projeto EDUCOM.TV, quando Marília esteve na coordenação pedagógica e defendeu a ideia de audiovisual para processos criativos, artísticos e políticos. O projeto tinha como objetivo formar 2.000 professores da Rede Pública Estadual para o uso do audiovisual em sala de aula, ao mesmo tempo em que apresentava a Educomunicação. Atualmente está na área de preservação audiovisual através do CPCB – Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, tendo sido presidente da primeira diretoria da ABPA – Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (2011/12).

Aprendi muito com a Marília, as trocas aconteciam no cotidiano, entre os cafés, os projetos, e as aulas. Marília é uma educadora que nos acompanha na vida, e homenageá-la é reconhecer a sua importância não só no campo do Cinema-Educação, mas na formação de muitos alunos e alunas que passaram por suas aulas e sua vida.

Marília Franco, mulher, progressista, criativa, crítica e educadora audiovisual!

Com carinho, Eliany Salvatierra Machado
Profa. Dra. do Departamento de Cinema e Vídeo da
Universidade Federal Fluminense
Niterói, 2019